segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Setembro, hora de falar de eleições


PROGRAMAÇÃO SETEMBRO

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3/09 - Luar Sobre o Parador (1988, EUA - Paul Mazursky)
Enquanto trabalha em um filme na pequena cidade de Parador, Jack Noah recebe a oferta de um papel que ele não pode recusar: fingir que é o recém-falecido ditador da nação. Entretanto Madonna (Sônia Braga), a amante de sangue quente do ditador, tem outros planos e encoraja Jack a tirar vantagem da situação, além de começar a fazer algumas mudanças democráticas. Em pouco tempo, Jack ofende os camaradas políticos enquanto conduz o país à revolta e ganha o coração da massa oprimida.
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10/09 - O Voto é Secreto (2001, Canadá/Irã/Itália/Suíça - Babak Payami)
Uma urna de eleições cai do céu presa em um pára-quedas. Este surreal acontecimento vai transformar a vida de um soldado que cumpre suas funções em uma praia deserta. Para seu espanto, logo depois chega a responsável pela urna, uma funcionária da justiça eleitoral encarregada de recolher os votos daquela comunidade. Este dia realmente não será como os outros. Acompanhada de um dos soldados, que deve conduzi-la em seu jipe, os dois descobrirão que retirar os votos dos habitantes não será nada fácil e que uma eleição pode ser mais delicada do que se poderia imaginar.
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17/09 - Vocação do Poder (2005, Brasil - Eduardo Escorel / José Joffily)
A equipe do documentário acompanha a campanha realizada por seis candidatos ao cargo de vereador da cidade do Rio de Janeiro, durante aseleições municipais de 2004. A produção traça um panorama das ações de cada candidato durante todo o processo eleitoral.
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24/09 - Intervalo Clandestino (2006, Brasil - Eryk rocha)
O estado de espírito do povo brasileiro diante da realidade social e política do país. O documentário se desenvolve junto à população, no ritmo acelerado do cotidiano. A câmera circula pela malha urbana do Rio de Janeiro e capta uma atmosfera pré-eleitoral contraditória. Em meio ao caos cotidiano a atenção se volta para pessoas comuns de diversas profissões que, através de depoimentos e impressões, tecem comentários e reflexões sobre as perspectivas políticas do país.
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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Lixo Extraordinário



Vik Muniz é salvo pelos objetos de sua arte


Por Carina Toledo (omelete.uol.com.br )

Um trecho do Programa do Jô abre Lixo Extraordinário (2010). Assim Vik Muniz é apresentado à plateia pela voz do senso comum que é a televisão. Nada mais condizente com um artista cujas obras mais famosas são reproduções - ou remakes, para usar a palavra da moda - de criações de outros artistas, mas em material inusitado.

Todo artista passa pelo processo de procurar sua técnica e, enquanto estava no meio da contrução de uma Mona Lisa com catchup, entre outros exercícios, Muniz tornou-se famoso sem criar uma obra que fosse conceitualmente sua - sintoma dos tais 15 minutos de fama previstos por Andy Warhol, cujas obras também ganharam releituras de Muniz. Foi na série de fotografias Crianças do Açúcar, em que fotografou filhos de cortadores de cana-de-açúcar no Caribe, que ele passou a fazer arte de cunho social.

Muniz decidiu então explorar as possibilidades do Jardim Gramacho, bairro do município Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro, que abriga o maior aterro sanitário da América Latina. Seu objetivo era fotografar cenas do lixão e reconstruí-las com o material reciclado coletado pelos catadores. Ele só não imaginava que acabaria se envolvendo tanto com a comunidade local.

Conhecer as pessoas que trabalham no lixão é um dos pontos mais interessantes do documentário. É a partir dali que aquelas pessoas observam o mundo. Classificam o que é lixo de rico e lixo de pobre, imaginam uma pessoa com base na sua mala-direta e têm acesso à literatura de peso e passam a criar suas próprias interpretações - "Ah, Nietzsche era um cara que tinha uma filosofia muito maneira", explica Tião, presidente da Associação dos Catadores do Jardim Gramacho.

À medida que os catadores passam a fazer parte do processo de criação de Muniz fica evidente que não há como sair inalterado do encontro com outros modos de vida e com a arte. É o choque pós-moderno da casta marginalizada com o artista best-seller, como se estivessem saindo da caverna pela primeira vez.

Caridade à parte, a cineasta Lucy Walker, que assumiu a direção depois da passagem de Karen Harley e João Jardim, foi muito feliz em focar o documentário naqueles que são o objeto da obra, humanizando um filme sobre arte. É a espontaneidade daquelas pessoas que salva Lixo Extraordinário, pensado comercialmente para o exterior e narrado por Muniz em inglês, idioma que prevalece também nas conversas com sua esposa e seu assessor, todos brasileiros. E, sem entrar no mérito da arte de Vik Muniz, os enquadramentos pensados pelo artista conseguem encontrar no lixão sua beleza.