terça-feira, 14 de junho de 2011

Prossegue o ciclo do cinema de horror... agora adaptado da literatura contemporânea inovadora do escritor /diretor Clive Barker...


segunda-feira, 13 de junho de 2011

a realeza dos Tenenbaums (resenha)


Dirigido por Wes Anderson (EUA, 2001) e co-escrito por ele mesmo e Owen Wilson, ator que trabalha no filme, trata-se de uma fabulosa narrativa sobre a excêntrica e ligeiramente decadente família dos Tenenbaums. Isso pode soar entediante, como mais uma entre tantas produções sobre a neurose cotidiana do povo norte-americano... mas é exatamente o contrário!




Costurando elementos de épico literário, drama clássico, reflexão filosófica, humor irônico e non-sense, desenvolvendo-se em um ritmo inusitado e envolvente, apresentado como um livro dividido em capítulos, a história supera os limites de sua categoria.

Lembrando levemente a versão cinematográfica de A família Adams (Sonnenfeld, EUA, 1991), ... Tenenbaums foi criado com base em uma obra de Orson Wells, Os magníficos Ambersons, e também em alguns contos de Jerome D Salinger, A família Glass (ou "a família Vidro", se traduzido literalmente).

O título é intraduzível, como de costume em filmes inteligentes, pois tem mais de um sentido: pode ser tanto "os reais Tenenbaums", quanto uma referência ao ao patriarca desgarrado que tenciona se reaproximar dos entes queridos, que tão pouco soube valorizar ao longo de sua vida, o Sr Royal Tenenbaum. Ele é interpretado pelo inigualável Gene Hackman, e confrontado com ninguém menos que a imbatível Anjelica Huston, que interpreta a matriarca Etheline Tenenbaum.




A atuação marcante do elenco, que inclui Bill Murray, Gwyneth Paltrow, Danny Glover e outros astros já consagrados, vem combinada com uma esplêndida trilha sonora, que conta com Beatles, Rolling Stones, etc. maestralmente posicionados nos momentos mais precisos. Aliás, de nada adianta descrever os componentes isolados de ... Tenenbaums, pois talvez a maior riqueza da obra esteja exatamente no ritmo impresso pela edição, que tornou a trama muito consistente. Em outras palavras, é necessário conhecer em primeira mão!

O que dizer mais de The Royal Tenenbaums, que não seja "spoiler" (informação que estraga se contar antes)? Tudo é muito bem feito neste filme: roteiro original, ótimos atores, fotografia inteligente, edição primoroza. O resultado... é sem comparação!



domingo, 12 de junho de 2011

Balada Triste de Trompeta (resenha)


Balada Triste de Trompeta é o novo filme do espanhol Álex de la Iglesia, do ótimo "O Dia da Besta".

Neste filme, Iglesia usa o universo circense e nos presenteia com uma belíssima tragédia romântica. Prato cheio para o dia dos namorados (esteja você sozinho ou acompanhado).

Usando a alegoria dos palhaços para definir o perfil de seus personagens, cria um perfeito "triângulo odioso". O palhaço triste e o palhaço tonto, disputam o amor da bela trapezista Natália, que alheia ao cenário que se instaura, não consegue prever a catástrofe iminente. Personagens caricatos que ao longo do filme se transformam e se perdem entre a redenção e a destruição.

Balada Triste de Trompeta é um filme que nos mostra como aquilo que mais gostamos, às vezes também é aquilo que nos consome. Nos mostra que na vida, existe uma tênue linha, entre ser o palhaço que se dá bem ou o palhaço que se dá mal.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

de primeira classe (resenha)





Para os admiradores de Wolverine, X-Men – Primeira Classe é a prova de que ele não é indispensável para que se faça um grande filme sobre os heróis mutantes.



O filme segue a onda do momento em Hollywood, mostrar como tudo começou, são os chamados prequels. Bons exemplos recentes dessa leva são “Batman Begins” e o último “Star Trek”. Entretanto, nenhum desses dois filmes alcança a excelência de X-Men – Primeira Classe.



O filme tem um início idêntico (muito parecido para ser mais honesto) com o do primeiro filme: Segunda Guerra Mundial, Polônia, 1944. Só que agora se apresenta como começou a história de Erik “Magneto” (interpretação marcante de Michael Fassbender), o futuro grande vilão da saga. Aliás, a interpretação e a qualidade dos personagens principais é um dos grandes prazeres de ver este filme.



Professor Charles Xavier (James MacAvoy), Erik (Fassbender) e o vilão Sebastian Shaw (Kevin Bacon, que faz pensar que não há melhor escolha para o papel) se unem através de um arco dramático construído no estilo das melhores tragédias já encenadas. Shaw é um nazista com mente e coração nazistas, mas muito longe de ser interpretado de um modo caricato, pelo contrário, tem toda a classe e inteligência dos melhores vilões. O Professor Xavier é um Charles Darwin com profundo entendimento e confiança no (do) “humano”. Erik é o homem triste movido unicamente por um sentimento de vingança contra Shaw. A partir do encontro dessas três visões e sentimentos de mundo, surgirão todos os conflitos que tornam essa história o que muitas vezes a vida não é, verossímil.



É fascinante acompanhar o desenrolar da trama sabendo como as coisas vão terminar (X-Men - O Confronto Final). Tudo tem um forte combustível humano para explicar e justificar os comportamentos e as mais angustiantes escolhas: ódio, dor, medo, ressentimento, amor, compaixão.



A edição é primorosa ao ligar todas as informações e todos os personagens de maneira elegante, inteligente. Há a concisão de um conto de Hemingway e a fluidez de um romance de Ian McEwan a serviço de uma história com o peso de uma peça de Shakespeare.



“Primeira Classe” tem um trabalho de direção impecável de Matthew Vaughn (responsável pelo também excelente Kick Ass). Sabe ser discreto na hora certa e sabe, acima de tudo, que a imagem deve estar a favor da narrativa, ou melhor dizendo, que no cinema a imagem é a melhor forma de narrar. A cena em que o Professor Xavier enxerga a lembrança mais alegre de Erik é comovente, mostrando que cinema são lágrimas; a cena em que Erik ergue aos céus um submarino é espetacular, mostrando que cinema é mágica.



Ao final da sessão ficam duas certezas: que dificilmente será exibido um filme melhor nos cinemas este ano e que poucos filmes com humanos são tão “humanos” quanto este filme com mutantes.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Do conto literário de fantasia e horror gótico de H. P. Lovecraft...


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Hedwig e a polegada raivosa (resenha)


Hedwig Robinson não está acorrentad@ em uma rocha do cáucaso grego, despedaçad@ por um raio fulminante, ou pregado em uma cruz -- Hedwig pousa no palco!!! Herói /heroína de tod@s @s condenad@s por crime nenhum, é "solidári@ com tod@s @s desajustad@s e perdedores /perdedoras do mundo".

Hedwig and the angry inch




Personagem tão imensamente lúgubre quanto glamouros@ e fascinante, Hedwig se posiciona acima dos mortais através da glória da Arte, enche os olhos e ouvidos ao interpretar sua tragetória trágica de vida, seus encontros, sonhos e sofrimentos, transubstanciados nas belíssimas canções que compõe. Lembra em certos aspectos o Tommy (Reino Unido, 1969 /1975), da banda "The Who", e o rock-star "Vampiro Lestat", na segunda crônica de Anne Rice (EUA, 1985), e ainda um pouco da ironia provocativa e estranheza cativante das composições de Pedro Almodóvar.

Hedwig é interpretad@ pelo próprio diretor do filme, John Cameron Mitchell (EUA, 2001), que adaptou a história de um musical homônimo, criado por ele mesmo. Impressionantemente, Mitchell também canta, inclusive havendo gravado realmente o vocal enquanto as cenas eram filmadas; posteriormente, trabalhou com a banda na trilha sonora do filme.

Vítima de uma imposição do "mundo correto" ("straight world", trocadilho impossível no português, que poderia ser traduzido como "mundo hétero hegemônico"), Hedwig é mutilado em seu corpo e em sua identidade. A revelação do que significa a "polegada raivosa" é ao mesmo tempo desconcertante, impressionante e esclarecedora. Hedwig dá voz à sexualidade humana de forma incomparável, reeditando o discurso de Aristófanes no Simpósio de Platão: o mito das esferas perfeitas que foram partidas em duas para toda a eternidade, derivando em seres bípedes que sofrem a falta de sua outra metade -- ou seja, nós seres humanos.

A canção "A origem do amor" é uma narrativa de um sujeito transgenérico, palavra com a qual se reconhece todas as pessoas identificáveis como heterossexuais, homossexuais, bissexuais, panssexuais, polissexuais, assexuais /abstêmias, ou quaisquer outras categorias que a imaginação coletiva humana pode conceber para tentar descrever o complexo de relações eróticas e afetivas que, afinal, são algo tão simples e vivo: a nossa bela e trágica condição humana da necessidade e busca pelo amor. Além disso, a mescla de deuses de diferentes panteões clássicos garante ao ato uma dimensão de uma típica alegoria contemporânea, globalizante.

Como toda boa ficção, esta obra ímpar nos mostra situações inusitadas, insólitas, com as quais a grande maioria da audiência não pode se identificar pessoalmente, dentro dos fatos concretos de sua vida -- porém, exatamente dentro desse estranhamento é que enxergamos o AMOR como ele é na vida real, repleto de desencontros e decepções, de imperfeições e ilusões, de riquezas inestimáveis, sofrimentos irrecuperáveis e frutos irrecusáveis!



(agradecimento ao Bruno Campelo, o pelotense que me indicou essa magnífica peça de arte)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

junho: ciclo de filmes de horror

Reivindicado há algum tempo, o ciclo com a temática de filmes de horror finalmente ganha espaço no mês de junho. Dentro da atividade de um cineclube, onde a apreciação das narrativas audio-visuais leva a uma conversa a respeito do que foi exibido, os participantes devem ficar mais do que apenas "horrorizados", como também esclarecidos quanto aos possíveis sentidos deste conteúdo produzido.

Apresentamos aqui três títulos da década de oitenta, obras de personalidades consagradas deste gênero no cinema norte-americano e inglês, e uma produção nacional da década de sessenta, internacionalmente reconhecida.


07/06 - Evil Dead (Raimi, EUA, 1981)

14/06 - Do além (Gordon, EUA, 1986)

21/06 - Hellraiser (Barker, Inglaterra, 1987)

28/06 - À meia-noite levarei sua alma (Marins, Brasil, 1965)









Por coincidência ou não, o último filme do ciclo do mês passado (sobre maternidade) também está nesta categoria dos que se propõem a provocar espanto, medo, sustos, nojo, etc.