quinta-feira, 21 de outubro de 2010

crítica satírica e afiada






A narrativa pungente de Sérgio Bianchi tem o exato tom de humor sarcástico, até mesmo debochado, contrabalançado por uma lucidez ácida em uma exposição muito instrutiva a respeito dos mecanismos de dominação e exclusão social no Brasil, tanto nos tempos da escravidão formal quanto nas condições atuais da nossa sociedade.




Os inúmeros níveis de desigualdade e preconceitos entre nós se manifesta em gestos, palavras, indumentárias, olhares. É impossível escapar da malha cruel na qual somos gerados. No topo do sistema, os eventos dedicados à demagogia das classes economicamente abastadas, e no fundo, o "navio negreiro" e os "escravos fugidos"... A nossa discussão andou mais ou menos por este sentido.



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

a infância observa a ditadura

Seguindo a semana que comemora o dia da criança, uma história que combina a temática do ciclo de filmes deste mês com o ponto de vista da infância.

Ótima obra cinematográfica, tecnicamente muito bem produzida, com um roteiro forte, O ano em que meus pais saíram de férias (Cao Hamburger, 2006, Brasil) é uma narrativa inusitada, supreendente e singela. Arrisca-se por um caminho difícil, tratar com leveza o que não pode ser leve: o horror da segunda metade década de sessenta.



Ainda que possa ser comparado com o italiano A vida é bela, é mais realista, direto e convincente. Independentemente da temática "ditadura militar" que serve de motivação inicial da trama e como pano de fundo – quase tão fundo que nos esquecemos dele, posicionados estamos como criança perdida e /ou como cidadão desinformado – o filme apresenta um belíssimo retrato do ano de 1970 (com a Copa do Mundo que o Brasil venceu), com referências clássicas como o jogo de botão e o fusca.



E o futebol, a "paixão dos brasileiros", mesmo para quem não gosta, é apresentada em sua mais fiel representação: o grande emulsão simbólica que une diferentes gerações, linhagens culturais e facções políticas, a grande ilusão circense que distrai a consciência e serve de fuga dos verdadeiros valores e horrores da nosso cotidiano – até os dias de hoje.






terça-feira, 12 de outubro de 2010

dia das crianças (especial de comemoração)




No dia da criança, Sorro cineclube Bagé visitou Aceguá, cidade vizinha e fronteiriça com o Uruguai.











Foi um encontro simples, onde exibimos alguns curtas (alguns da Anima Mundi) e, com destaque, o nacional Leonel Pé de Vento, que foi o grande sucesso da tarde!.

Trata-se de uma animação de 35mm, com direção de Jair Giacomini, projeto financiado pelo Concurso de Apoio à Produção de Obras Cinematográficas do Gênero Animação, promovido pelo Ministério da Cultura em 2004. A produção começou em 2005 e foi finalizada em julho de 2006.







Depois, mostramos trechos de Charlie Brown e o longa-metragem Horton Hears A Who! (Jimmy Hayward e Steve Martino, EUA, 2008).

Ficou em aberto a possibilidade de novos projetos neste sentido!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

outubro

Em vista do segundo turno das eleições presidenciais e da necessidade de já contemplarmos algumas produções brasileiras, propomos para este mês um ciclo político-brasileiro, recheado de promissoras discussões e debates na seguinte ordem:

Olga (7 de Outubro)


titulo original: (Olga)
lançamento: 2004 (Brasil)
direção: Jayme Monjardim
atores: Luís Mello , Eliane Giardini , Renata Jesion , Floriano Peixoto , Milena Toscano
duração: 141 min
gênero: Drama

sinopse: Olga Benário (Camila Morgado) é uma militante comunista desde jovem, que é perseguida pela polícia e foge para Moscou, onde faz treinamento militar. Lá ela é encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes (Caco Ciocler) ao Brasil para liderar a Intentona Comunista de 1935, se apaixonando por ele na viagem. Com o fracasso da revolução, Olga é presa com Prestes. Grávida de 7 meses, é deportada pelo governo Vargas para a Alemanha nazista e tem sua filha Anita Leocádia na prisão. Afastada da filha, Olga é então enviada para o campo de concentração de Ravensbrück.

O ano em que meus pais saíram de férias (14 de Outubro)


lançamento: 2006 (Brasil)
titulo original: (O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias)
direção: Cao Hamburger
atores: Michel Joelsas , Germano Haiut , Daniela Piepszyk , Caio Blat, Paulo Autran
duração: 110 min
gênero: Drama

sinopse: 1970. Mauro (Michel Joelsas) é um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão. Um dia sua vida muda completamente, já que seus pais saem de férias de forma inesperada e sem motivo aparente para ele. Na verdade os pais de Mauro foram obrigados a fugir por serem de esquerda e serem perseguidos pela ditadura, tendo que deixá-lo com o avô paterno (Paulo Autran). Porém o avô enfrenta problemas, o que faz com que Mauro tenha que ficar com Shlomo (Germano Haiut), um velho judeu solitário que é seu vizinho. Enquanto aguarda um telefonema dos pais, Mauro precisa lidar com sua nova realidade, que tem momentos de tristeza pela situação em que vive e também de alegria, ao acompanhar o desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo.

Quanto Vale ou é por Quilo? (21 de Outubro)




ano de lançamento: 2005
direção: Sérgio Bianchi
roteiro: Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim e Newton Canitto, baseado no conto "Pai Contra Mãe", de Machado de Assis
produção: Patrick Leblanc e Luís Alberto Pereira
fotografia: Marcelo Copanni
direção de arte: Renata Tessari
figurino: Carol Lee, David Parizotti e Marisa Guimarães
edição: Paulo Sacramento

sinopse: Uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII um capitão-do-mato captura um escrava fugitiva, que está grávida. Após entregá-la ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias atuais uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada. Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver.

Muito Além do Cidadão Kane (28 de Outubro)



título original:
Beyond Citizen Kane
gênero:
Documentário
duração:
105 minutos
ano de lançamento:
1993
direção:
Simon Hartog

sinopse:
A obra detalha a posição da Rede Globo na sociedade brasileira, debatendo a influência do grupo, seu poder e suas relações políticas manipuladoras e formadora de opinião. O ex-presidente e fundador da Globo Roberto Marinho foi o principal alvo das críticas do documentário, sendo comparado a Charles Foster Kane, personagem criado em 1941 por Orson Welles para Cidadão Kane, um drama de ficção baseado na trajetória de William Randolph Hearst, magnata da comunicação nos Estados Unidos da América. Segundo o documentário, a Globo emprega a mesma manipulação grosseira de notícias para influenciar a opinião pública como fazia Kane no filme.