quinta-feira, 14 de outubro de 2010

a infância observa a ditadura

Seguindo a semana que comemora o dia da criança, uma história que combina a temática do ciclo de filmes deste mês com o ponto de vista da infância.

Ótima obra cinematográfica, tecnicamente muito bem produzida, com um roteiro forte, O ano em que meus pais saíram de férias (Cao Hamburger, 2006, Brasil) é uma narrativa inusitada, supreendente e singela. Arrisca-se por um caminho difícil, tratar com leveza o que não pode ser leve: o horror da segunda metade década de sessenta.



Ainda que possa ser comparado com o italiano A vida é bela, é mais realista, direto e convincente. Independentemente da temática "ditadura militar" que serve de motivação inicial da trama e como pano de fundo – quase tão fundo que nos esquecemos dele, posicionados estamos como criança perdida e /ou como cidadão desinformado – o filme apresenta um belíssimo retrato do ano de 1970 (com a Copa do Mundo que o Brasil venceu), com referências clássicas como o jogo de botão e o fusca.



E o futebol, a "paixão dos brasileiros", mesmo para quem não gosta, é apresentada em sua mais fiel representação: o grande emulsão simbólica que une diferentes gerações, linhagens culturais e facções políticas, a grande ilusão circense que distrai a consciência e serve de fuga dos verdadeiros valores e horrores da nosso cotidiano – até os dias de hoje.






2 comentários:

Melissa Louçan disse...

Belíssimo filme. Sutil e delicado na forma de retratar a visão de uma criança diante dos horrores da ditadura.

Mauro disse...

Queria ter ido nesse