domingo, 17 de abril de 2011

nº 4 (resenha)



Visto que nem só de originalidade e refinamento vive o cinema, vim aconselhar o despretencioso e divertido Eu sou número quatro (I am number four - Caruso, 2010, EUA).

Dentro da categoria "ação", é interessante. Ao menos escolhe um dos lados, o de crítica à sociedade norte-americana, opondo-se assim a títulos como Batalha de Los Angeles, que é essencialmente ufanista.

Filme típico por apresentar chavões e personagens prontas (vilões feios, heróis loiros, "nerd" melhor amigo do herói, o mestre morto, a namorada proibida, a escola secundária como pano de fundo, etc.), mesmo assim não chega a ser completamente previsível. E conta com boas cenas de luta, explorando com criatividade os recursos computadorizados e de acrobacias coreografadas, o que me lembrou o ótimo X-men: last stand, de Brett Ratner.

Um dos elementos mais interessantes do roteiro é a forma como as personagens lidam com a fotografia, o vídeo e o uso da Internet. Aqui, a realidade instantânea da disposição pública de imagens no ambiente virtual é central no desenrolar da trama.  Até podemos nos por a refletir sobre esta questão, da "comunicabilidade X super-exposição", realidade com a qual muit@s de nós lidamos cotidianamente.

Mas a "mensagem" pode ser também: o mundo cotidiano da maioria de nós é apenas uma ilusão feita de pequenas misérias e jogos de poder fúteis, enquanto que o mundo real oferece perigos tão absurdos os quais, quando nos perseguem, nos fazem esquecer instantaneamente o resto, feito um fogo cauterizante. Não que seja algo original pra se afirmar... nem a melhor forma. E claro, isso depende de quem interpreta.

Obviamente projetado para agradar a gregos e troianos, e também para parir seqüências e /ou um seriado de TV, Eu sou número quatro pode ser digerido junto com pipoca e Coca-Cola sem contra-indicações!

Um comentário:

Maicon Antonio Paim disse...

Parece que o recém lançado "Pânico 4" constrói sua história essencialmente a partir do uso abusivo das redes sociais e das novas tecnologias de comunicação e de vídeo. Se levarmos em conta o excelente "A Rede Social", lançado ano passado, e mais esses dois filmes (Eu sou o número quatro, Pânico), começa se esboçar uma tendência no cinema para pensar as relações na sociedade contemporânea a partir das tecnologias da informação. É a sociedade 2.0 em primeiro plano.